pensava eu, que tinha deixado tudo a jeito na noite anterior só para ficar mais uns minutos deitada a descansar na manhã seguinte. Já na correria pós despertador dei por falta disto e daquilo, mas não de tudo e saí convencida que não me faltava nada. Fui ao encontro de uma amiga das corridas, a SV, para sermos conduzidas até ao trail que aguardava por nós há um ano. Com aquela excitação dos miúdos, sorriam-nos os olhos à chegada só de imaginar o que nos esperava. As expectativas estavam altas e na partida foram generosos e deixaram-nos descer um bom bocado. É um pouco como na vida, às vezes há que dar um passo atrás para seguir os nossos propósitos e na Serra dos Candeeiros, como em tantas outras, se queremos ser surpreendidos pela beleza do topo, o sofrimento de subir por aí a cima redobra a satisfação. Grande parte do percurso obrigava a olhar para o chão, para ver onde colocava os pés, mas sempre que levantava os olhos era surpreendida pela vista circundante. O enquadramento do single track, de vegetação densa ponteada de amarelo e roxo e cinza da rocha era o postal que guardava para os dias de paredes brancas e papeis. A ecopista que circunscrevia a serra a meia altitude, onde outrora passou o pouca-terra-pouca-terra levou-nos também a passar debaixo dos mini-tuneis escavados na rocha. Imaginei à velocidade a que seguiam os comboios de antigamente a nostalgia de quem picava o bilhete ao apreciar tal percurso serrano. E o que era de tudo isto sem esse sentido do olfato, inspirar o aroma do alecrim, do pinhal, dos eucaliptos e de tantos outros que fazem do contacto com a natureza o retrato que gravamos na memória. Começamos as duas e seguimos juntas, não nos inibindo de parar para foto, a ideia era esforçarmo-nos até ao ponto que assegurasse a diversão. Entre correr, caminhar e saltitar, lá pela serra ficam também guardadas as conversas de raparigas que fomos tendo durante todo o percurso, com excepção das subidas feitas a correr, que o folego não dá para tanto. A generosidade da partida caiu por terra com a subidinha-para-lá-de-inclinada que nos esperava para atravessar a meta. Ela desafiou: "não vamos caminhar que parece mal" e eu dei a tática: "corremos mas damos passinhos pequenos para nos aguentarmos"... e depois de uma aproximação lenta atravessamos a meta e lançamo-nos à mesa do abastecimento final, que à semelhança dos que encontramos pela prova estava bem servida de coisas boas para repor as energias e matar o desgaste de 3h25 às voltas na serra para fazer 21km.
Em sexta-feira Santa dissemos que não às bifanas e descemos para o banho, foi aqui que descobri o que mais estava em falta no meu saco, além da falta de água quente.
Os planos para um almoço entre amigos não tardaram a ganhar rumo e a seguir para o sitio da Nazaré. Tal como na serra o tempo estava optimo e depois do peixinho (ou das primeiras sardinhas do ano) caminhamos para desempenar as pernas e apreciar a vista lá de cima. Descemos à beira-mar e não sei se já disse que o tempo estava optimo, mas por ali estava ainda melhor, mesmo a puxar para o fato de banho e respectivo mergulho, a que alguns desconhecidos, se atreveram, oh almas felizes... Nós optamos por, imagine-se, por caminhar mais um pouco ao longo da calçada, que eu e a SV ainda estavamos com energia para mais umas passadas. Entre o clássico gelado no cone e as nazarenas vestidas a rigor para comemorar quem sabe a presença de tantas pessoas, convivemos também mais um pouco entre nós.
E se de manhã os nossos passos se queriam num bom ritmo, à tarde o ritmo foi daquela lentidão capaz de levar o tempo connosco, quem sabe enganá-lo com o que tínhamos para lhe mostrar e ele cedeu-nos o que teve. Tivemos assim tempo de seguir junto à costa passando e parando para mais vistas deslumbrantes sobre os areais e o mar. Pela Praia dos Salgados, por São Martinho do Porto e parar na Foz do Arelho para mais um copo com vista para o pôr-do-sol. Esquecemo-nos de brindar a esta verdadeira sexta-feira Santa que nos levou de regresso a casa com o coração cheio e a alma leve de um dia tão bem passado e em tão boa companhia. Não saí da Foz sem ver aqueles segundos mágicos em que a bola de fogo laranja passa para lá do horizonte. E se de manhã saí de casa com a sensação de que não me faltava nada, apercebi-me ao final do dia da quantidade de coisas que ainda couberam em mim... na minha bagagem. Regressei, como quis, nesta vida que quero conhecer e dar-me a oportunidade de viver...
Em sexta-feira Santa dissemos que não às bifanas e descemos para o banho, foi aqui que descobri o que mais estava em falta no meu saco, além da falta de água quente.
Os planos para um almoço entre amigos não tardaram a ganhar rumo e a seguir para o sitio da Nazaré. Tal como na serra o tempo estava optimo e depois do peixinho (ou das primeiras sardinhas do ano) caminhamos para desempenar as pernas e apreciar a vista lá de cima. Descemos à beira-mar e não sei se já disse que o tempo estava optimo, mas por ali estava ainda melhor, mesmo a puxar para o fato de banho e respectivo mergulho, a que alguns desconhecidos, se atreveram, oh almas felizes... Nós optamos por, imagine-se, por caminhar mais um pouco ao longo da calçada, que eu e a SV ainda estavamos com energia para mais umas passadas. Entre o clássico gelado no cone e as nazarenas vestidas a rigor para comemorar quem sabe a presença de tantas pessoas, convivemos também mais um pouco entre nós.
E se de manhã os nossos passos se queriam num bom ritmo, à tarde o ritmo foi daquela lentidão capaz de levar o tempo connosco, quem sabe enganá-lo com o que tínhamos para lhe mostrar e ele cedeu-nos o que teve. Tivemos assim tempo de seguir junto à costa passando e parando para mais vistas deslumbrantes sobre os areais e o mar. Pela Praia dos Salgados, por São Martinho do Porto e parar na Foz do Arelho para mais um copo com vista para o pôr-do-sol. Esquecemo-nos de brindar a esta verdadeira sexta-feira Santa que nos levou de regresso a casa com o coração cheio e a alma leve de um dia tão bem passado e em tão boa companhia. Não saí da Foz sem ver aqueles segundos mágicos em que a bola de fogo laranja passa para lá do horizonte. E se de manhã saí de casa com a sensação de que não me faltava nada, apercebi-me ao final do dia da quantidade de coisas que ainda couberam em mim... na minha bagagem. Regressei, como quis, nesta vida que quero conhecer e dar-me a oportunidade de viver...
4 comentários:
Ena! Um dia em cheio sem dúvida!
Por esta altura os campos estão pintados de mil cores e vale mesmo a pena percorrer os caminhos do nosso país.
Parece-me que já vais tendo bastante espaço aí dentro para ires arrumando o mundo todo que vais vendo e vivendo.
Beijinhos
...é verdade Dulce, e há sempre aquele exercício de destralhar ;) para ganhar espaço
E que bela palete de cores, está a preencher este quadro de 2015 ;-)
Resta-me dizer que a espera de um ano compensou! Compensou e muito! Obrigada!
SV
SV, ;) pois é, valeu bem a pena esperar por um dia assim!! Beijinho
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