Num repente decidi sair de casa, só depois de estar pronta é
que me lembrei de ver as horas, afinal tinha acordado às 7h30 e desde então não
tinha voltado a olhar para o relógio. Suspirei de um alívio momentâneo pois
alguns dos locais onde pretendia ir já estariam abertos. O sol espreitava pelas
janelas e não coloquei em causa a roupa que escolhi para sair. Uns metros
depois, deslocando-me a pé rumo ao primeiro destino dei por mim a constatar que
se calhar tinha saído “à fresca” e no instante seguinte resolvi apreciar a
brisa que fazia rodopiar a blusa, qual Marilyn Monroe na mítica foto sobre as
grades do metro e foi neste espírito que segui pela cidade a riscar tarefas da
minha lista. Porque foi feriado em Lisboa pude passar o dia em casa a desfrutar
do movimento da minha pequena cidade. Cumprimentei conhecidos, que me acenaram
de forma energética e feliz. Entre tarefas sentei-me num café com cheiro a pão fresco
a beber um galão e a comer um bolo como se não tivesse já tomado o pequeno-almoço.
Saborear sobretudo aquele momento e reviver da vidraça o passeio onde anos a
fio passei rumando a uma escola e outra. Antes de me devolver a casa, resolvi
de senhorita entrar numa loja só para distrair a vista e eis que a funcionária
resolveu perguntar pela minha mãe. Há muito que não a via mas não se sentia à
vontade para perguntar. Não só respondi, como me expus, e nos expusemos das
experiencias equivalentes. A funcionária sabia o meu nome porque a minha mãe
dizia com frequência “tenho de trazer cá a minha Ana”. Agora sou eu que respiro
melhor neste regresso a casa, talvez por isso mesmo porque a levo sempre mais
presente na memória do quanto andávamos juntas e gostávamos de circular nesta
cidade, como a brisa leve e fresca que hoje me acompanhou.
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