Sentir como uma perda irreparável o acabar de cada dia. Provavelmente, é isto a velhice.
Cadernos de Lanzarote (1994)
Não Saramago, não concordo. Talvez tenhas tido a sorte de viver a maior parte dos dias sem te aperceber dessa perda irreparável, talvez por estares demasiado ocupado ou por boa gestão da tua criatividade. Há muito que me aflige o dia não ter mais horas para tudo o que quero. Não que esteja sempre a fazer coisas, e agora cresce em mim essa aflição na mesma medida em que vou apreciando mais o descanso. Esta entrega ao dolce fare niente não sei se é da velhice mas prefiro acreditar que é da tranquilidade que tenho conquistado a passo lento. Passos dados por entre batimentos acelerados e overdose de hipóteses. Agora amigo, feita de menos, sinto irreparável todos os dias que não dão para mais.
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