segunda-feira, 13 de junho de 2016



Pouco depois de me ter explicado que a paisagem não tardaria a mudar, comecei a visualizar os seus argumentos. Serpentear pela cordilheira da serra do Açor, no degradé que as montanhas desenham ao nosso redor, rodando sobre elas os moinhos de vento dos tempos modernos. Depois de passar por um dos pontos mais altos, descemos para entrar na aldeia de xisto do Fajão ao som dos bombos. Por instantes infiltramo-nos na festa e vesti a alma desta ruralidade, atenta ao burburinho e às frases soltas. Frases que entretêm o meu imaginário num mundo que me cativa. Descemos mais um pouco para o primeiro banho fluvial no Poço da Cesta. A água estava fria, mas nós estávamos com calor e com vontade de fazer parte do cenário. Num vagaroso mergulho, deixei-me ir com as águas do Rio Ceira de uma pedra para a outra. Por fim a pedra quente reconfortou-me a pele e detive-me de frente para o sol num tempo que se prolongou para além daquele que o relógio marca. Saímos dali pelo mesmo trilho mas desviamos depois por um outro que nos levou paralelos á margem do rio, que é como quem diz, que seguimos nessa perfeita combinação de verde, montanha e água. Paramos muito para ver e registar. Trazer connosco um pouco desta beleza de que nos cercamos. Depois de dois dedos de conversa com uma senhora, a quem me esqueci de perguntar o nome, dona de um rebanho de cabras que pastavam nas encostas e de dois cães meigos que se prostraram aos nossos pés, regressamos para respirar mais fundo e tirar mais fotos. Escurecia quando chegámos ao carro, caiu a noite antes de sairmos da serra e caiu sobre mim um cansaço que me impedia de manter os olhos abertos e rebobinar os pormenores de que não me quero esquecer.

Sou grata, porque a maior parte das vezes o fim-de-semana é o início que qualquer coisa boa. De um tempo sereno e urgente, em casa ou fora mas sempre com detalhes vários em que respiro devagar, penso baixinho e observo muito.








fotos do g. e moi

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