quarta-feira, 21 de outubro de 2015



imagem daqui

Do balanço dos dias de verão…
desses dias que somaram quase dois meses e meio, alucinantes e parte integrante de uma outra experiencia profissional. Caíu-me em mãos o que aparentemente desejara. Propus-me descobrir dificuldades que desconhecia. Não virei as costas na possibilidade de optar pela zona de conforto. Foi a alma que ditou a escolha de uma conquista que não gera “vivas” de vitória diante de outros, mas gerou um desbravar de caminho cá dentro sem tempo para contemplações ou hesitações. Exigiu-me arte na capacidade de não me deixar afectar. Que é preciso arte para não ficar presa a ontem. A ontem ou a uns segundos antes em que o acto de respirar fundo pode ser o primeiro e único exercício de contenção, em pensamentos e palavras. 
A ambição combinada com ganância é sempre coisa para me deixar exausta ao primeiro confronto. Foram infindáveis os embates e levei tempo a perceber que a minha lição era ficar quieta. Assistir. Não por passividade, mas porque tudo se ajusta à posteriori e porque há lutas que não me dizem respeito. Eu e esta tentação de me expor à tormenta. Aproveitei para descansar e aprender perante a calma de outros e que por isso me surpreenderam. Desconstruí e reconstruí a minha perspetiva sobre as pessoas várias vezes ao dia.
As únicas férias foram as que tirei de mim.Ter umas horas para mim, um dia por semana e no qual me custava muito a acordar. Nesses dias ainda olhei o sol com aquele encanto do verão, sem o peso do calor e do pó que apanhei, e que ainda tinha por apanhar. Um dia dei por mim a contemplar o por do sol que 24 horas depois me eram sempre traumáticos ao perceber que ainda era demasiado cedo para o regresso a casa. A ansiedade serenava na penumbra da noite naquela grande recta que me poupava atenção à estrada. Quase todos os dias esbocei um sorriso antes de me deitar, sendo que a manhã desse mesmo dia parecia ter sido há muitos dias atrás. 
Provavelmente chorei 5 minutos na soma dos dias. Fartei-me das pessoas, que nem para os amigos me apetecia rir e conversar na ínfima possibilidade de o fazer. O silêncio foi o meu melhor amigo, reconciliador de toda a verborreia que me rodeava. 
Agora que retomei o meu tempo, ainda não repensei tudo.
Tudo a seu tempo que há outras coisas a viver, umas entre outras onde já só procuro escolher o que me suaviza. E depois da tormenta por um lado, sigo pelo que me suaviza por outro e mantenho um equilíbrio e que me permite sorrir de tudo e sobretudo, sentir esta gratidão diante da vida, diante de um invisível em que me reconheço. 


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