terça-feira, 19 de junho de 2007

Vida: Olá

Eu: han?!…desculpa não te vi chegar!

Vida: Surpreendes-te como se eu não estivesse sempre presente?!

Eu: Esqueço-me de que não dormes!

Vida: A mim, também me agrada a madrugada…

Eu: …mas felizmente não tens sono

Vida: Que procuravas atrás de ti?

Eu: Certificar-me do que fica para trás.

Vida: Explica-me?

Eu: Nunca antes tinha tido uma percepção tão forte da presença das minhas costas. Nem nos momentos em que deixei, irremediavelmente, algo para trás. Entre consequências de opções e imposições, nunca antes o gesto de virar as costas foi tão sentido. É como se de repente elas ficassem muito maiores e sobre elas pesassem o meu próprio corpo. Como se caminhasse sobre elas, em vez pisar as pedras da calçada. Mesmo acreditando que o que fica para trás, ser-me-á devolvido por ti mais adiante…

Vida: Se te devolvo qual é o problema?

Eu: eu disse que acreditava, não disse que tinha a certeza que me devolverias…

Vida: Não chega acreditar?

Eu: Acreditar…é a minha vontade. A vontade de que esse peso que carrego, no revirar das costas, me seja devolvido aos braços…

Vida: E abraças?

Eu: Até agora, sim.

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