sexta-feira, 28 de junho de 2024

 

Com o nível de birra a aumentar com a proximidade do jantar, ponderei dar-te um geladinho de fruta caseiro antes. Resultou, depois veio a sopa e bracejando como quem diz algo muito importante achaste que podias dispensar metade da sopa

- Elisa ainda não acabou. Se não vou aí à tua barriga e tiro o gelado. 

-O gilado já tá!!! (Com ar de que-raio-de-conversa-é-essa!! E com razão)


sábado, 22 de junho de 2024

Enquanto me observavas curiosa... 
"Ooh mãi, taás a fazer?!"

Eu primeiro dei gargalhadas desta composição, depois respondi com seriedade enquanto te afagava a cabeça e dava um beijinho "Estou a cuidar de mim!"

(Elisa faz a sua primeira pergunta)

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Poema de Maria Velho da Costa "Revolução e Mulheres"


Elas fizeram greves de braços caídos.
Elas brigaram em casa para ir ao sindicato e à junta.
Elas gritaram à vizinha que era fascista.
Elas souberam dizer salário igual e creches e cantinas.
Elas vieram para a rua de encarnado.
Elas foram pedir para ali uma estrada de alcatrão e canos de água.
Elas gritaram muito.
Elas encheram as ruas de cravos.
Elas disseram à mãe e à sogra que isso era dantes.
Elas trouxeram alento e sopa aos quartéis e à rua.
Elas foram para as portas de armas com os filhos ao colo.
Elas ouviram falar de uma grande mudança que ia entrar pelas casas.
Elas choraram no cais agarradas aos filhos que vinham da guerra.
Elas choraram de verem o pai a guerrear com o filho.
Elas tiveram medo e foram e não foram.
Elas aprenderam a mexer nos livros de contas e nas alfaias das herdades abandonadas.
Elas dobraram em quatro um papel que levava dentro uma cruzinha laboriosa.
Elas sentaram-se a falar à roda de uma mesa a ver como podia ser sem os patrões.
Elas levantaram o braço nas grandes assembleias.
Elas costuraram bandeiras e bordaram a fio amarelo pequenas foices e martelos.
Elas disseram à mãe, segure-me aí os cachopos, senhora, que a gente vai de camioneta a Lisboa dizer-lhes como é.
Elas vieram dos arrebaldes com o fogão à cabeça ocupar uma parte de casa fechada.
Elas estenderam roupa a cantar, com as armas que temos na mão.
Elas diziam tu às pessoas com estudos e aos outros homens.
Elas iam e não sabiam para onde, mas que iam.
Elas acendem o lume.
Elas cortam o pão e aquecem o café esfriado.
São elas que acordam pela manhã as bestas, os homens e as crianças adormecidas.

sexta-feira, 14 de junho de 2024

Durante um tempo, quando se justifica ficamos preocupados porque não sabem falar e dizer o que estão a sentir. Depois vem um dia que olham para nós e ... "a baguiga dói..." E ficamos mais aflitos ainda porque verbalizam... 
Esta semana a baguiga doeu... :(